Em João Candido e os navegantes negros: a Revolta da Chibata e a segunda abolição, Sílvia Capanema aborda uma das insurgências sociais mais importantes do início do século XX no Brasil. Em 1910, quando marujos oriundos das classes populares, em sua maioria, pretos e pardos, nordestinos e nortistas apontaram canhões de navios contra a cidade do Rio de Janeiro, apenas vinte e dois anos haviam se passado da Abolição da Escravatura. O que este movimento denunciava em muito tinha relação com as torturas impostas aos africanos e seus descendentes nos mais de três séculos de escravidão, como por exemplo as punições corporais, muitas com uso da chibata, objeto que fora utilizado para castigar negros escravizados. Era reivindicado a supressão dessas punições, a substituição de superiores autoritários, o aumento do soldo, a melhoria na educação dos marujos, a redução do tempo de trabalho, a qualidade da alimentação e a categorização dos serviços prestados.