Diretor de roteiros incorporando sua própria produção, Charlie Kaufman é o tema de "O jogo da reinvenção". A partir do final da Segunda Guerra Mundial, a denominação de “autor” cinematográfico passou a designar o diretor, independentemente de ele ter produzido o roteiro. Escritor-estrela numa indústria cujos carros-chefes são cineastas ou autores, Kaufman é uma figura tão deslocada quanto os personagens de sua trama.Existe em Kaufman uma contradição entre o desejo de habitar um outro corpo e a capacidade de falar apenas sobre si mesmo, observado em temas que definem suas parcerias como com Jonze em "Quero ser John Malkovich" (1999) e "Adaptação" (2002). O embate entre a clausura e a expansão do eu tensionando em seu próprio corpo resulta em obras como "A natureza quase humana" (2001) e "Brilho eterno de uma mente sem lembranças"."O jogo da reinvenção" é uma busca em torno dos processos de criação de Charlie Kaufman. Seja pelas suas alegorias ou pelas criativas formas de seus enredos. O livro de Cecília Sayad promove uma reflexão sobre o espaço inusitado do roteirista cuja obra é caracterizada pela transgressão das normas clássicas, criando um sentido peculiar ligado a sua visão de mundo e a estética de seus filmes.