O livro trata sobre o poder militar no Brasil a partir do estudo da Escola Superior de Guerra (ESG), uma importante instituição de altos estudos, civis e militares, criada em 1949 e que hoje está subordinada ao Ministério da Defesa. A leitura deste livro certamente será desagradável para aqueles que fizeram oposição ao golpe de 1964 - a "esquerda clássica" - e que frequentemente compreenderam os militares e a própria ESG como uma instituição que estava a serviço dos interesses da "burguesia", do "capital associado" ou do "capital internacional". Por outro lado, também desagradará aqueles que apoiaram o golpe, a chamada "direita", que vêem comumente essa escola como instituição que objetivava estudar e encaminhar soluções para os problemas do Brasil a partir tão somente do uso de uma doutrina, a Doutrina de Segurança Nacional (DSN). A tese central do autor, sob inspiração da tradição da Ciência Política e fugindo das análises mais dicotômicas, é a de destacar a ESG como uma instituição do Estado brasileiro, que teve e que tem o papel de legitimar, mas também de institucionalizar, no quadro das relações de dominação assimétricas entre civis e militares, o poder militar na sociedade brasileira por meio da extensão de suas ideias e de valores ao mundo civil.