Existem três tipos de analistas do pós-moderno: os neomarxistas, que denunciam uma degeneração da boa e utópica modernidade, jamais realizada, mas sempre adorada e esperada; os ex-marxistas, em busca de uma nova utopia ou simplesmente de uma teoria de substituição; e aqueles que, a exemplo de Michel Maffesoli, descrevem, como um bom cronista sem preconceitos nem ressentimento, o estado de espírito de uma época, sem resvalar para o dever-ser ou para o moralismo politicamente correto sempre impiedoso com o presente e estranhamente ingênuo em relação a um futuro radioso e longínquo. Há muito que Michel Maffesoli ocupa um lugar de destaque na reflexão sobre o imaginário contemporâneo. Ele ousa pensar corajosamente contra o conformismo dominante e disfarçado de argumento de autoridade. Não é só o conformismo das “massas” que ele combate, mas especialmente o conformismo dos intelectuais. Pensador generoso, sem ser ingênuo nem cínico, capaz de descrever o vivido sem odiá-lo, reconhece nas pequenas atividades do dia-a-dia essa força da potência social, energia criadora de comunidade, cimento social, afirmação de amor à vida aqui e agora contra o produtivismo, o progressismo e outras ideologias de domesticação. Este livro mostra que compreender pode ser mais importante do que explicar. É uma obra decisiva para pesquisadores em busca de uma metodologia baseada na razão sensível, no pluralismo de idéias e na valorização do cotidiano. Tradução de Aluizio Trinta