Quando um artista faz a leitura da obra de outro artista, mais do que uma critica ou análise acadêmica, instaura-se um acontecimento. Com olhos distendidos pelo corpo todo (mão, pele, nervos, vísceras, sistema motor, cérebro) é como se, por um instante, apenas ele fosse capaz de multiplicar uma obra em muitas outras. Nesse processo, o que se costuma chamar de identidade no sentido substancialista (terra, ovo, língua, nação) perde o sentido. São as fissuras singulares que se tornam proeminentes. Nessa implosão do mundo dos sujeitos e das individualidades, a relação mitificada entre autor genial e obra de arte inefável, entra em colapso. O que se dá a ver são fazeres, olhares, constelações de conhecimento.'