A busca pela especificidade do fenômeno literário presente em toda a obra de Luiz Costa Lima, alcança seu ponto mais agudo na presente obra, em que o autor aborda a relação entre os eixos conceitual e metafórico da linguagem e a diferença entre as formas discursivas, que tem como extremos a ciência e a ficção. Para quem acompanha sua trajetória intelectual não será difícil identificar na construção da fina malha conceitual, que vem tecida ao longo dos últimos quarenta anos, a indagação persistente sobre o transtorno à ordem dos conceitos causado pelo impacto da reflexão sobre a arte. Dedicando-se especificamente à literatura ou, como prefere atualmente, à ficção verbal, Costa Lima sustenta, ao lado de W. Iser, uma concepção que reconhece um vazio formal interno como constitutivo principal da forma literária. Posicionando-se contra a exclusiva exploração desse vazio por meio das noções de performance e da textualidade infinita, a tematização do controle do imaginário acabou por oferecer não somente uma via alternativa para o estudo do fenômeno literário. Seu trabalho configura-se, junto ao repensar da mímesis sistematicidade dinâmica que mantém em tensão os vetores da semelhança e da diferença e que, na modernidade, lança o sujeito para fora de si, como uma reflexão que alcança o questionamento do princípio de subjetividade moderno. O desdobramento daquilo que Benedito Nunes havia chamado de crítica da razão estética (Nunes, B. 1999) transformou-se numa investigação sobre os mecanismos através dos quais a sociedade ocidental se comunica e sobre os padrões de reflexividade pelos quais é intencionada a relação entre o discurso e o que lhe escapa. A expansão do campo de incidência da mímesis, que passa a atuar como componente fundamental do mundo cultural e como articuladora profunda da linguagem, demanda o exercício que encontramos desenvolvido aqui com extremo rigor [...]