Em comemoração aos seus setenta anos, Miriam Mambrini lança livro que reúne 27 crônicas. O título da obra, Maria Quitéria, 32, foi inspirado no endereço da casa onde nasceu, cuja foto estampa a capa. Embora as histórias sejam baseadas em lembranças de sua infância e adolescência, a autora não as considera autobiográficas: "A memória é traiçoeira, guarda o que quer, despreza o que não quer e, ao longo do tempo, vai [...] criando uma realidade diferente. [...] Este é um livro de ficção, embora fale de mim e dos meus." As crônicas remetem o leitor à Ipanema dos anos quarenta e cinqüenta e às descobertas, alegrias e dores típicas do amadurecimento de uma menina: os passeios na praça Nossa Senhora da Paz, o ingresso no colégio Jacobina, as férias em Petrópolis, as brincadeiras de teatro com as amigas, as idas ao Cinema Pirajá com a mãe e o irmão, as paqueras, as primeiras perdas, a vocação para a literatura, as reuniões de família etc. Miriam reconstrói com maestria os acontecimentos da época, que fazem o pano de fundo das histórias, além de retratar fielmente os hábitos, músicas, filmes, heróis, livros, programas de rádio e de tevê de sua geração. Na autora madura de hoje, ainda habita a menina de sua infância: "A Ipanema dos anos quarenta e a menina de tranças continuam onde sempre estiveram. Basta querer, que as encontro." Afinal, não carregamos todas as idades dentro de nós?