Damas turcas é a mais nova obra da Estante Policiais Paulistanos, série de romances acolhida com excepcional receptividade popular. A ação se desenrola numa São Paulo chuvosa e enigmática, que aguça o mistério ao criar um clima semelhante ao dos grandes romances policiais do século XIX e início do XX, nos quais a ambiência exterior é fundamental na intensificação da atmosfera espiritual.Aliás, a cidade se identifica com o desenvolvimento da trama, ultrapassando em muito o papel de mero pano de fundo. A diversidade cultural de São Paulo, seu gigantismo, sua capacidade de abraçar todas as tendências e abrigar todas as loucuras, surge de forma plena nestas páginas, de muita água e sangue derramados.Escrito em frases curtas e perfurantes, como os golpes assassinos que povoam suas páginas, Damas turcas narra uma série de homicídios praticados com requintes de crueldade. O incumbido de desvenda-los é um tipo pitoresco, nascido no interior e absorvido pela cidade grande, cujo nome lembra o dos detetives clássicos britânicos: Douglas Hayashi. Ao seu redor se move uma fauna curiosa, como o amigo e ex-publicitario Ruy Levino, o ultrarreligioso investigador Arruda, a bipolar Rachel, esposa de Levino, o branquíssimo cachorro chamado Preto e um time instigante de suspeitos.Fato importante é que essa talvez seja a primeira obra na qual um ex-publicitario utiliza seus conhecimentos técnicos para colaborar decisivamente na investigação e solução de um crime.Como define Adilson Xavier no prefácio, "Damas turcas tem a ver com o famoso jogo em que pedras negras e brancas se digladiam pela sobrevivência. Tem inteligência e leveza de movimentos. Conduz a leitura em pequenos saltos diagonais que nos recompensam com a chegada vitoriosa às linhas adversárias".