Como podemos comparar um homem que deixou de ser escritor para se dedicar ao ofício de mecânico com uma mulher que viaja em um trem de Berlim para Munique enquanto observa outra passageira comer um ovo, e ainda, com uma menina que não aceita o fato de não ser notada por um colega de classe? Como esses e outros personagens tão diversos podem confluir? Aparentemente, não há nada que nos faça pensar que histórias tão banais possam se interligar, mas, nos dez textos de Mulher feita e outros contos, Marilene Felinto usa a simplicidade cotidiana para mostrar ao leitor que a complexidade da vida está ligada de modo íntimo ao ordinário. A certa altura, uma senhora se surpreende ao ser questionada por uma jovem a respeito de formigas tanajuras servidas como iguarias no interior do país. [...]