A linha histórica traçada por meio de autores que se engajam politicamente na busca do conhecimento conecta-se à Psicologia Política e à genealogia e permite-nos interrogar as condições de possibilidade externas aos próprios discursos que lhes garantem status de verdade. Isso significa que, para estudar o amor e sua conexão com a violência íntima, não basta perseguir o conteúdo do discurso dos amantes apaixonados ou que se odeiam (representações do amor), mas delinear as condições que tornam possível a afirmação do indivíduo como valor, a injunção social que o engaja na busca de si mesmo e no afastamento do mundo público. Resta-lhe o investimento na intimidade. Esses discursos, tidos como verdades, não são criados em um movimento natural da história, ao contrário, resultam de disputas, lutas, desacordos, divergências sempre políticas, que, a partir de um dado momento, adquirem hegemonia e submetem os indivíduos. [...]