Em uma alquimia de palavras e estilos, Marco Lucchesi coloca lado a lado os mais díspares personagens, numa trama que tem o deserto como protagonista. Assim é OS OLHOS DO DESERTO: narrativa, confissão, poesia e ensaio. O novo livro de Marco Lucchesi confirma a tendência do autor em desconstruir a estrutura do texto, de ‘enganar as palavras’. Hábito nascido de sua familiaridade com duas línguas - a materna italiana e o português natal. O deserto descrito por Lucchesi em seu mais recente livro é mais que um espaço geográfico. É o vazio interior, rico ou árido, dependendo da época, das pessoas encontradas, das interações. É nossa herança, nossa busca. Um lugar mítico, no qual o leitor precisará não de bússolas ou folhas cartográficas, mas sim de sua intuição. A primeira impressão é verdadeira e única, e não deve ser descartada pelos que querem encontrar o caminho. "Essas paragens não conhecem o meio-termo. Matam ou redimem", a advertência está em OS OLHOS DO DESERTO. E não deve ser ignorada. Dono de profunda precisão verbal, Lucchesi não é um autor qualquer. Seu texto foge da simplicidade, mas se mantém aberto à criação. O resultado é uma mistura de prosa e poesia, numa linguagem que exige atenção do leitor. Mas o que pode parecer pretensão é, na verdade, humildade. A homenagem prestada por um autor que, antes de mais nada, não subestima a capacidade de seu leitor.