Falar de emprego doméstico em contexto brasileiro e, principalmente, de quem o desempenha está para além de uma questão de gênero e classe, mas é, também, e com a mesma relevância, uma questão racial com raízes profundas no período histórico de escravização em massa de mulheres negras neste país. O trabalho doméstico é a origem social e histórica do trabalho feminino e negro no Brasil. A partir de relatos de trabalhadoras domésticas do Rio de Janeiro, coletados através de entrevistas, esta pesquisa busca captar as desigualdades vivenciadas por essas mulheres em seu ambiente de trabalho e no relacionamento com seus patrões, de forma a tentar compreender como as relações sociais de raça, classe e gênero podem moldar e interferir em tais relacionamentos em diferentes âmbitos e produzir um cotidiano de trabalho, por muitas vezes exploratório, servil e humilhante. Situação que interfere não apenas nas relações laborais, mas também, na construção individual dessas mulheres trabalhadoras.