O leitor de A aurora do pensamento está diante de um verdadeiro trabalho em processo. Ao mesmo tempo em que retorna e desenvolve questões teóricas apresentadas em obras anteriores, Armando B. Ferrari oferece um testemunho vivaz da constituição do saber psicanalítico - uma combinação estimulante da leveza da conceituação analítica com o rigor da imaginação criadora. Na Relação analítica proposta pelo autor, a rigidez de certos conceitos dá lugar a novos parâmetros que se delineiam em sua maleabilidade. Ao longo dos casos clínicos apresentados no livro, colocam-se em evidência a utilização de vários registros aparato metodológico-conceitual. É nesse sentido, por exemplo, que o autor propõe, no lugar de Complexo de Édipo, a noção de constelação edípica, assinalando o aspecto dinâmico e múltiplo da formação da personalidade e da escolha do gênero. Na transcrição dos diálogos entre analisa e analisando, com a colaboração de Fausta Romano, percebe-se o quanto analisa também oscila, nesta situação, entre ser sujeito e objeto da relação com o outro.