Três vertentes convergem na formação de Marambaia, um rio caudaloso que progride num fluxo variado, complexo, sereno às vezes, em outras vertiginoso, ora correndo dentro de margens convencionalmente firmes, ora derrubando limites e abrindo traçados novos e imprevistos, num sistema temporal que flutua livremente uma obra que se filia, também pela forma, não àquela literatura de consumo, apaziguadora e inofensiva, ou de corrente ética e pedagogizante. Com estilo que convida a sentir, não a comprovar, o que reafirma a autonomia da arte, seu espelhamento de mundo impede uma leitura pronta, unívoca e livre de instabilidades nos níveis de certeza a cerca dos fatos e das pessoas da realidade fictícia, essa que duplica a realidade real na oposição negativa entre o plano individual (as paixões dos personagens) e o plano público, ou histórico (costumes, lideranças, eventos e crises). [...]