Adotar um filho significa assumir uma trajetória específica para concretizar uma filiação e constituição familiar. É um processo que abrange integralmente a pessoa em sua subjetividade, fundamentando-se em conteúdos racionais e emocionais. É uma decisão de ordem existencial, e como tal, requer uma vivência internalizada do projeto adotivo. Do ponto de vista concreto e objetivo, a adoção é apenas uma forma diferente de se ter filhos, que não difere da filiação biológica no processo de criá-los e educá-los. Entretanto, se, por um lado, é um caminho possível, por outro, existem peculiaridades que fazem parte deste contexto, que não podem ser desconsideradas. Ao nos oferecer Pedagogia da Adoção, o autor preenche uma lacuna bibliográfica importante. Com sua natural sensibilidade de pai adotivo, acrescida da sabedoria construída ao longo de quarenta anos de prática clínica psicológica, vasculha todos os meandros do processo adotivo, debruçando-se sobre as singularidades dessa trajetória. Engana-se o leitor que pensa encontrar aqui uma apologia à adoção. O autor, com muita propriedade, trata de questões básicas sobre a adoção de filhos, mas, também, corajosamente, aborda assuntos doloridos e contundentes, tais como A impotência e a filiação adotiva, As virtudes e defeitos do filho adotivo, As dores e os prazeres da adoção, entre outros. São reflexões importantes que gravitam em torno do enfoque central, a criação e a educação de filhos adotivos na sua forma incomum de inserção nas relações parentais. A abordagem, num enfoque psicológico e pedagógico, pretende oferecer alternativas de convivência familiar dentro de um contexto educacional adequado. Ao longo de suas considerações sobre a singularidade da filiação adotiva, o autor refere-se à similitude como indicador da diferença, ou seja, os filhos adotivos, como todos os filhos, percorrem o caminho da semelhança e, por isso, são também marcados por suas diferenças.