Deixar-se secreta, como que detrás de uma cortina, assistindo à vida com seus inúmeros anseios passar e, no entanto, com um corpo ofegante, sensivelmente inclinado à captura de qualquer paixão cotidiana: essa é a personagem deste romance noturno. Todo o seu drama se dá no esquadrinhamento de sua experiência recôndita, experiência de um corpo feminino, que insiste na questão de seu Ser. É assim que vamos acompanhando o puxar das linhas de todo o emaranhado secreto que são as mulheres em sua volta; seja na distância que toma sua mãe, na exterioridade que assumem suas irmãs, no silêncio e no ar quase espantoso de Cecília, na amizade clandestina com Paloma. Num exame turvo e inquieto das relações, que muitas vezes chega a questões sobre a realidade, a vida e o viver, a personagem vai notando aquilo que atravessa seu corpo de mulher. A minúcia da autora está em ressaltar as singularidades que recobrem cada personagem, que, no destrinchar de seus destinos, se veem atadas por suas(...)