Havia uma questão tão antiga quanto a própria filosofia: o que é a linguagem? E ainda: como é possível que a linguagem espelhe o mundo, ou o nosso pensamento? O que há por trás da linguagem, e com que raízes ela consegue agarrar-se à realidade? Wittgenstein não respondeu a nenhuma dessas questões. Nesta obra-prima da história da filosofia, ele as substitui por outra, ao mesmo tempo mais sensata e mais profunda: como a linguagem faz parte de nossas vidas? O que emerge daí, por percursos inusitados, é uma filosofia que luta sem descanso para descrever a condição humana de um ponto de vista estritamente humano. Sem recorrer a discursos reconfortantes, porém vazios, sobre uma suposta essência das coisas e das ideias; mas também sem recorrer aos discursos, no fundo superficiais e dogmáticos, que em tudo buscam ver apenas ciência, e nunca conseguem se dirigir a assuntos propriamente humanos. Uma filosofia capaz de fazer jus a seres tão estranhos como nós. Seres que vivem e que falam. [...]