Esta obra procura destacar os principais aspectos processuais da Psicologia Jurídica. Es­tabelece uma interface com o Direito material e o Direito processual, esclarecendo as regras e alcances da atuação do psicólogo jurídico nas contendas judiciárias de Família. Mas a discussão vai mais além, ao discutir os aspectos epistemológicos da própria Psicologia Jurídica. Frequentemente se concebe a Psicologia Jurídica como uma aplicação assistencialista no âmbito do Direito, porém carente de fundamentação epistemológica e sem autonomia filosófica. Então, surgem os seguintes questionamentos: existe a Psicologia Jurídica como disciplina autônoma? é simplesmente um âmbito de atuação ou é realmente uma área de especialização da Psicologia? pode apresentar-se realmente como ciência, porque conta com um objeto particular, uma metodologia e um corpo de conhecimento próprio? qual é o objetivo real da existência da Psicologia Jurídica? A Psicologia Jurídica surge nesse contexto em que o psicólogo coloca seus conhecimen­tos à disposição do juiz (que irá exercer a função julgadora), assessorando-o em aspectos relevantes para determinadas ações judiciais, trazendo ao processo judicial uma realidade psicológica dos agentes envolvidos que ultrapassa a literalidade da lei, e que de outra forma não chegaria ao conhecimento do julgador por se tratar de um trabalho que vai além da mera exposição de fatos; trata-se de uma análise aprofundada do contexto em que essas pessoas que acorrem ao Judiciário (agentes) estão inseridas. Essa análise inclui aspectos conscientes e inconscientes, verbais e não verbais, autênticos e estereo-tipados, individualizados e grupais, que mobilizam os indivíduos às condutas humanas.