Tempos de crise(s), como temos, há longo tempo, tratado. Crise das instituições político-jurídicas. Crise das fórmulas modernas. Crise da econômica capitalista. Crises que dizem: nada é possível, mas, ao mesmo tempo, tudo é possível. É neste quadro que se insere a proposta de Fernando Hoffmam, confrontar a crise da cultura moderna em torno aos direitos humanos, propondo uma nova leitura capaz de recepcionar estes tempos sombrios, desassossegando os tais espíritos calmos, antes mencionados, chamados a tirar a poeira dos séculos de conformismo e adaptação a uma fórmula que, apesar de sua relevância teórico-prática, se conformava a um pensamento hegemônico de base liberal-individualista. Tomando emprestado a ideia de comum, na perspectiva de Hardt/Negri, propõe uma ressignificação do cosmopolitismo, que tem, há muito tempo, referendado a fórmula de matriz kantiana. Revisitando a modernidade dos direitos humanos, no capítulo primeiro, passa, no segundo, pela fórmula kantiana clássica da paz perpétua e do seu cosmopolitismo e aquela da república mundial de O. Höffe, para, reconhecendo a excepcionalidade da contemporaneidade, questionar-se acerca de se há, ainda, lugar para tal fórmula. E, da crítica à adoção calma desta tradição, toma emprestada a crítica de Hardt e Negri, construída a partir de sua trilogia: Império, Multidão e Comum. Assim, reconstruindo a compreensão da fenomenológica atual em torno do mundo de guerra permanente contemporâneo, propõe o comum como referência para a reconstrução da legitimação dos direitos humanos e, assim, redefinir o cosmopolitismo.