UMA MARÉ QUE SE COLA À LÍNGUA É uma alegria imensa poder escrever sobre a obra de Leonardo Bachiega, arquitecto e, muito possivelmente, um dos grandes nomes da moderna poética brasileira. A sua obra vem, paulatinamente, a construir-se, a desconstruir-se, a se humanizar cada vez mais, num discurso poético belíssimo, visceral, luminoso, mas também com a sombra que toda a poesia verdadeira deve ter. O seu mais recente livro de poemas, Solfejo de cores, é uma maré que se cola à língua. Uma maré que dialoga com o trabalho de outros autores, numa samplagem e num solfejo de cores bastante original, criando um retalho de criação e de palavras muito interessante. É evocado o trabalho de e. e. cummings, Ungaretti, mas também de Raul Bopp e da sua Cobra Norato, especialmente na primeira parte do livro, \u201cfio irmão\u201d. Talvez esse solfejo de cores \/ ou esse fio irmão seja essa cobra da floresta, com muitas cores, mas também com os pequenos escuros que a fazem esconder na penumbra.