Falar em prazer no âmbito do magistério é quase uma temeridade: há um bom tempo os professores brasileiros vêm sendo fustigados pelos governos e vilipendiados por muitos segmentos da sociedade. A situação das escolas não é das mais confortáveis, afinal as condições para a realização de um ensino de qualidade vão de mal a pior e a vida dos mestres se definha cada vez mais (na mesma proporção em que crescem as promessas de dignificação do magistério em períodos eleitorais). Tudo isso produz uma atmosfera extremamente desanimadora. Tal qual o José do inesquecível poema de Drummond, não sabendo muito bem para onde marcha e ruma, o professor sofre, grita quando é possível, faz psicoterapia sem ter condições, chora ao ver que o cheque especial acaba no dia 20 de todo mês, fica doente, estressado, tenta ainda sonhar com um futuro melhor e... de manhã, pontualmente, está defronte da classe para fazer a chamada e executar a sagrada tarefa diária da aula. Se possível, sorridente, pois a escola deve ser sã, sadia, salubre e saudável. Esta é a contradição da existência do docente hoje em dia: fingir dignidade por fora, quando, na verdade, carrega um inferno psicológico por dentro. Esta obra une experiências educacionais e experiências de pesca. Mas o que exatamente pretendo com essa aproximação, cujo resultado são as Leituras Aventureiras? Repetir o velho mote: "Tá nervoso, vai pescar!"? Ou, então, aumentar o número de pescadores do Brasil por meio da motivação e do envolvimento dos professores? Se isso acontecer, acharei ótimo. Porém não é esse o meu objetivo principal. Minha pretensão maior está diretamente relacionada a uma reflexão crítica sobre outras possibilidades de existência que se abrem, na atualidade, aos professores. Ao enfatizar as dimensões da saúde física e mental do professor, procuro dar uma visada sincera sobre seus momentos de descanso e de lazer.