Ao longo da carreira como jornalista e então como escritor, Eduardo Galeano convenceu-se de que a amnésia era um dos males que afligiam os países da América Latina. Amnésia essa em relação ao próprio passado e às próprias origens, provocada e frequentemente promovida a ferro e a fogo pelos colonizadores europeus, pelas classes altas, para acobertar o racismo, a infâmia, o papel espúrio da religião e o caráter eugênico detectáveis no desenvolvimento do continente. Galeano tomou para si o combate contra este esquecimento, contra a amnésia das coisas que valem a pena recordar. Comentador dos tempos, ele buscava as pequenas vozes e as pequenas histórias que tivessem força para iluminar a vocação, a autoestima e o futuro dessa região do globo que ele tanto amava, onde, dizia ele, estão minhas alegrias mais altas e minhas tristezas mais profundas. O presente volume não é exceção. O autor procura as raízes das brutalidades sociais que por aqui grassavam e grassam, ao mesmo tempo em [...]