Este livro, fruto de esforços coletivos pela construção de um projeto educacional acordado com os saberes e valores do homem do campo, traz como foco o compromisso de dialogar com as matrizes culturais desses sujeitos, considerados aqui como agentes de transformação de seu meio, de si mesmos e de toda sociedade. No trato dialógico, possível somente com reconhecimento e respeito às diversidades da produção das culturas, brota uma pedagogia do encontro na qual ensinar e aprender estão intrinsecamente imbricados, fazendo da discência e da docência uma ciranda de possibilidades, de intersecção de saberes, práticas e lições. São essas interseções que justificam a abordagem freiriana, visando o empoderamento de sujeitos para além dos interesses e das concepções instrumentais da educação. Educação, sim, como direito, como parte primordial da formação omnilateral do Homem. Desse modo, a educação no campo é defendida também como a educação para o campo, transcendendo as ideias simplistas de que basta ensinar a ‘ler e a escrever’, de que basta alfabetizar, de que basta profissionalizar. A educação no campo, para o campo, é vista como ferramenta para o crescimento individual e coletivo que, sem abrir mão do direito ao global, mira o desenvolvimento em contexto local. Pedagogia da Terra, dessa forma, por sua soma de vontades, sonhos e ações educativas, construídas sempre de maneira coletiva, é uma obra necessária para percebemos como as coisas extraordinárias acontecem: das pequenas ações, dos pequenos gestos, cotidianamente, muitas vezes de forma anônima, mas sempre inundadas de amorosidade e paixão.