Gorz, em Carta a D., brilhantemente supera a idéia do "discurso amoroso". A intenção não é criar um discurso sobre o amor, e sim desnudar-se, desnudando ao mesmo tempo o próprio processo discursivo, logrando assim a sua desconstrução. Confessa e professa uma verdade, a sua verdade, amorosa. O texto é sua verdade amorosa, a transcendência do discurso. E, o que é mais inquietante, é literatura. E chega a esse resultado subvertendo todos os preceitos: cria um texto altamente literário exatamente pela negação dos procedimentos literários. O quase impossível é alcançado.