Estes ensaios, escolhidos entre trabalhos escritos de 1978 a 2004, ilustram a formação de uma opinião ao longo dos anos de uma prática complexa e difícil, que se qualifica como teórica e se associa ao criticismo para se situar na interseção dos discursos que aspiram a alguma compreensão do fenômeno humano. E se mantém até hoje valorizando a hegemonia da clínica por um pluralismo na construção teórica, que reúne a contribuição de diferentes autores no campo da psicanálise em resposta à injunção lacaniana de uma volta aos textos de Freud com uma leitura crítica. A atualização da psicanálise nestes textos, revistos e comentados, reconhece a maior abrangência da análise estrutural, muito atualizada nas tentativas de formalização, em que principalmente Bion e Lacan demonstram a evolução da teoria em psicanálise. A psicanálise pós freudiana parte de uma definição de ciência que impõe uma explicação redutivista da origem do simbólico, e de uma investigação que descobre os impasses de uma construção conceitual limitada a um modelo teórico biológico, para chegar, pela desnaturalização do desejo, ao discurso de uma ciência que descobre o valor da interpretação do sentido em uma nova hermenêutica, e situa o saber psicanalítico entre as ciências conjeturais mantendo em aberto a questão do real e valorizando o "ponto de vista estrutural" em psicanálise, onde a categoria da qualidade se põe como dominante na diferenciação das incidências estruturadas.