Em O gato, Bartolomeu Campos de Queirós recorre à prosa poética para expressar as emoções e angústias que permeiam a existência humana. De um filosofar profundo e escondido pelo véu do mistério, a morte, a solidão, o medo, os sentimentos e questionamentos mais dolorosos e intimistas são trazidos à tona neste texto que, articulado com uma sensibilidade indiscutível, reflete o estado da alma. O gato já tinha vivido tantas vidas que o fio delas dava para sustentar as redes de todos os pescadores e as malhas para todos os frios. Sobre as suas sete vidas? Não sabia ao certo quantas ainda lhe faltavam, pois sempre caminhava perto da morte e vagueava pela solidão da imensidão da noite. Tentando buscar respostas ele tomou a Lua como sua fiel confidente - esta, assim como ele, também tinha questões a resolver - e juntos formaram um outro novelo e constituíram uma nova rede para suas vidas, aquela que é tecida pela ausência e pela saudade. As ilustrações de Anelise Zimmermann captaram perfeitamente a fusão entre realidade e fantasia, e a artista delineou nas imagens cenas e detalhes que enriqueceram mais ainda o discurso poético da obra como um todo.