Para alguns, a perda da memória é uma das grandes ameaças do mundo moderno. A partir do fim da tradição oral e do surgimento da escrita, passamos a nos confrontar com a perda de transmissão de conhecimento e valores entre gerações. A memória, que é transmitida por textos, objetos, pedras e máquinas, traz apenas traços do que foi o passado. Para outros, entretanto, a quebra dos vínculos com a tradição proporciona aos indivíduos uma vontade imbuída de força inovadora jamais vivenciada anteriormente. Em ambos os casos, lutar pela memória pode significar a conquista da liberdade, pois tanto a consciência de historicidade, quanto a construção do passado por atores do presente apontam novas possiblidades de ação. Mas, sabemos, também, que a memória nem sempre se associa a movimentos pela liberdade; ela pode ser responsável por coerções, exclusões e toda a sorte de controle social. Este livro traz à tona as diversas tentativas da teoria social em proporcionar alternativas de conhecimento frente à perda de valores inerentes à modernidade, e procura mostrar que a percepção do passado articula-se com experiências múltiplas e diversificadas de tempo e espaço que precisam ser consideradas simultaneamente.