Desde sempre ao encargo da filosofia e das grandes religiões, a antiga questão do sentido da vida parece ter desertado da esfera pública. Por influência da laicidade, ela se tornou uma questão provada, restrita ao domínio da intimidade. É, portanto, sozinho que o indivíduo moderno deve enfrentar as experiências cruciais da existência: as do luto, do radicalismo do mal, do amor. A hipótese principal de O Homem-Deus, de Luc Ferry, um dos mais famosos e conceituados filósofos da atualidade, é que, para além das aparências, a questão do sentido se recompõe lentamente sobre a base de um processo duplo. De um lado, a humanização do divino, que caracteriza, desde o século XVII, o crescimento da laicidade na Europa; de outro, uma divinização do humano, ligada a um acontecimento maior: o nascimento da família e do amor modernos, que fundamentam o laço social mais precioso, não sobre a tradição, mas sobre o sentimento e a afinidade eletiva. "Cada qual à sua maneira, as grandes religiões buscavam preparar os homens para a morte, tanto a sua própria quanto a do ser amado", escreve Ferry. Hoje, no entanto, às transcendências "verticais" de outrora - Deus, a Pátria, a Revolução - opõe-se cada vez mais a transcendência "horizontal" dos simples humanos. Advento do Homem-Deus? As controvérsias mais contemporâneas são testemunhas: da bioética ao humanitário, é o homem como tal que assume a figura do sagrado. Para além do bem e do mal, é toda a questão da possibilidade de uma sabedoria ou de uma espiritualidade leigas que se encontra colocada. O Homem-Deus, de Luc Ferry, é um livro para todos: filósofos, curiosos, pensadores, pensantes. Como toda boa filosofia, Ferry não tenta empurrar ao leitor uma verdade absoluta: seu objetivo é apresentar, de forma magistral, maneiras para enxergar através dos diversos prismas da realidade.O Homem-Deus, de Luc Ferry, e um livro para todos: filosofos, curiosos, pensadores, pensantes. Como toda boa filosofia, Ferry nao tenta empurrar ao leitor uma verdade absoluta: seu objetivo e apresentar, de forma magistral, maneiras para enxergar atraves dos diversos prismas da realidade.