O que acontece no âmbito privado continua a ser relevante para a compreensão da vida pública, tensionando o poder exercido pela tríade Estado, família e religião sobre o comportamento das mulheres; independente de raça, classe e origem. Todas as que se decidem por uma existência não dócil, gritando no mundo o que sentem, pensam e exigem, são mulheres de uma desconcertante coragem. Esta coragem alimenta todas e cada uma de nós. Passeamos pelas palavras da Patrícia e percebemos que só perdemos se nos aceitarmos caladas, na vida, na voz ou na escrita. Sem complacência, ela atira-nos para as inquietudes e fúrias das suas experiências e reflexões. Estranhamente, as fúrias dela são também as nossas. Podem variar os contextos, as vidas, as violências sofridas e percebidas; podem variar os tons das vozes com que lutamos ou nomeamos o inominável, mas vemo-nos ao espelho nas palavras da Patrícia. Elas levam-nos, generosas e viscerais, pela mão. Passeamos com elas através da tomada de (...)