Um fragmento de vida, reminiscências de lugares, pessoas, tempo passado e presente, palavras trocadas, uma atmosfera de cheiros, cores, sabores, sons: um tecido frágil que tende a se desfazer se chegarmos perto demais e cuja consistência é a fluidez. É principalmente no domínio da arte que esse invisível, esse incorpóreo, se torna apreensível. Como? Anne Cauquelin propõe uma série de respostas tomando por objeto a arte contemporânea e suas modalidades, como a desmaterialização, o vazio, o intemporal, o conceitual, o contextual, o virtual, a interface etc., até o ciberespaço, e abordando-as não pelas religiões orientais do vazio, do silêncio, da sombra (o beat zen ou o square zen, como foram chamadas nos Estados Unidos), mas por algo que ela conhece bem: a teoria dos "incorporais" dos estóicos. Será surpreendente verificar em quantos momentos essa teoria se ajusta intimamente às manifestações artísticas atuais.