“Este livro se ancora num lugar chamado infinito, que está fora, mas também dentro do tempo. Não ficasse também dentro, não dialogaria com o hoje, com a geografia das cidades que se fazem plano aberto à poesia. Ainda ancora o infinito pede ao leitor esse peso próprio de âncora, próprio para atravessar densidades, altitudes, rasgar o verbo, palavra por palavra. Pede uma leitura consciente de que ‘escrever tem sido a forma de realizar abandonos’. Um livro que busca dialogar com o presente de muitos tempos. E que se prende ‘por vontade / de escutar o que é livre’. Não se trata de um labirinto, mas de uma teia erigida: palavra, imagem, vertigem. Na impossibilidade de achar uma palavra igual ao silêncio, pulsa um desejo de ancorar, mas não permanecer: tornar-se, colocar-se a caminho, ainda que de um naufrágio.