Este livro não pretende de modo algum desenvolver um estudo exaustivo sobre a prostituição em Portugal, mas coloca uma pergunta inquietante: que diferença existe entre as relações sexuais dentro da prostituição e as relações sexuais convencionais? A partir daqui, o autor analisa a história do adultério, da libertinagem, de tudo o que possa chamar-se «sexualidade», e a qual faz equivaler à devassidão, extrapolando frequentemente para o campo da pura moralidade. A ideia central deste historiador, e que preside ao seu exercício histórico, é esta: cada século é sempre mais impuro do que o anterior. A Amorim Pessoa não interessa tanto estudar a prostituição enquanto fenómeno político-social, mas expor os princípios que nas nossas sociedades feudais-burguesas norteiam as relações familiares. Esta obra (aqui compilada e anotada por Manuel João Gomes) vale sobretudo como documento psicológico de uma época - o fim do século XIX, altura em que este trabalho conheceu grande publicidade e êxito