Em Alegorias da Dialética, Katia Muricy apresenta um belo e extensivo ensaio sobre um dos pensadores mais seminais do século XX. Em sua curta (e, e vários aspectos, trágica) existência, Walter Benjamin produziu uma obra vasta e diversificada e o caráter revolucionário de suas teses só pode ser medido pela extensão da influência que não cessa de exercer sobre o pensamento crítico da cultura moderna e contemporânea nos campos da filosofia, da história, das teorias da arte e da literatura etc. Experiência e linguagem são os temas centrais a partir dos quais a obra de Benjamin se estrutura, promovendo desvios e rupturas nas formas tradicionais de pensamento. A filosofia é um trabalho de problematização que se faz tanto na escrita quanto na leitura, seguindo o ritmo descontínuo de um pensamento vivo que não cansa de se repensar e que encontra no ensaio, nos aforismos e nas alegorias uma forma privilegiada de expressão. A alegoria é uma escrita por imagens que se adequa bem ao processo de elaboração do conhecimento graças à natureza essencialmente fragmentada de ambos. Nesse espaço comum entre imagem e pensamento, as palavras se situam na origem das percepções, na medida em que só vemos o que podemos nomear, ou seja, é pela palavra nomeadora que as sensações tornam-se distintas. A filosofia de Benjamin quer "ler o real como um texto" e revelar sua inteligibilidade dialética em "imagens e alegorias".