O livro de ficção de estreia de Ronaldo Kirilauskas, Contos Desencantos: Literatura de Ninar & Histórias da Peste, apresenta um rico exercício de imaginação voltada à reflexão sobre nosso cotidiano. Transitando entre a poesia e o conto, o livro traz sujeitos atormentados pela violência das relações sociais, atentos aos momentos de revelação da violência que se esconde na cordialidade. O lirismo crítico dos poemas também surge nos contos, como é o caso da narrativa A salvação da ignorância: enfim havia descoberto, entre as obviedades técnicas resultantes da observação do fogo, como o fogo nos observa. Como o fogo é por dentro. Qual a verdadeira alma do fogo. A ciência novamente dava um enorme passo na reconciliação com a igreja. Professor de geografia, o autor oferece um bom mapeamento sensível dos trabalhadores e de sua vida cotidiana, revelando afeto por aqueles que não se encaixam, assim como um respeito que dignifica suas escolhas e seus desejos. Veja-se, nesse sentido(...)