Beatriz Sarlo faz parte de uma geração formada politicamente pelo peronismo e culturalmente por Jorge Luis Borges. Esses dois pólos de gravitação da paisagem cultural argentina no século XX constituem o eixo deste livro. Para entender Evita Perón, a autora capta as minúcias de seus penteados, roupas e jóias, poses fotográficas e discursos. O corpo de Eva forjou a imagem do peronismo; depois de sua morte, o corpo embalsamado transformou-se em objeto de paixão e fanatismo, símbolo do movimento que atingiu o clímax em 1970, quando os Montoneros executaram o general Pedro Eugenio Aramburu, chefe da junta militar que depusera Perón. Antiperonista visceral, Sarlo trabalha em três planos que se cruzam em torno do texto borgiano, da excepcionalidade da beleza de Evita e da excepcionalidade passional da vingança política.