Que julgamento a história brasileira faz da história do etnocídio/epistemicídio cometido, e que ainda se comete, com a diversidade social que habita, trabalha e vive na Amazônia nos diferentes momentos de sua formação social em razão dos projetos que aqui se desenvolveram? Uma nova visão de mundo que leve necessariamente em consideração a reinvenção da razão moderna e a problemática da biossociodiversidade amazônica implicam rever, profundamente, entre outros temas, o que significa hoje desenvolvimento para esse lugar do mundo. Nesse contexto, não podemos esquecer que cada país tem a sua própria história e deve, à luz da própria história, escolher os caminhos que melhor lhe aprouver nunca desconsiderando sua ecologia seus múltiplos ecossistemas e a ecologia humana que o conforma historicamente. O livro A cultura de juta e malva na Amazônia ocidental: sementes de uma nova racionalidade ambiental? que ora entregamos ao público para julgamento procura responder algumas das questões postas acima ainda que de modo não conclusivo. O livro tem como eixo estruturante um conjunto de textos que procura conduzir o leitor à compreensão histórico-social da origem, formação e desenvolvimento da produção da juta e/ou da malva no estado do Amazonas discutindo/problematizando os sujeitos sociais que efetivamente a produziram e os que ainda se envolvem com sua produção. Entre o passado e o futuro (provável) da produção da juta e/ou da malva no Amazonas, em particular, e na Amazônia, em geral, o que podemos esperar? As reflexões do livro apoiadas nos conceitos de ecodesenvolvimento e ecotecnologias nos conduziram a uma inequívoca certeza: o universo da produção/reprodução material e simbólica da vida dos ribeirinhos, caboclos, caboclo-ribeirinhos, juteiros, malveiros etc. que tem, no cultivo da juta e/ou da malva, uma de suas razões de ser carrega nas entranhas do seu projeto de vida a teleologia da esperança!