Neste livro excepcional, bem urdido e tramado nas redes das palavras, temos 37 crônicas que desafiam nosso olhar desgastado. As crônicas de Raquel Naveira têm o sabor da novidade, do frescor que ameniza nossa faina de dor diária. Na crônica que fecha o livro, “Redes”, Raquel Naveira resume a ótica de seu livro: fazer associações, analogias entre planos, redes, saberes, seres, coisas e artes. A similitude entre o dentro e fora, o que está em cima (céu estrelado) e embaixo, na Terra fragmentária e fantasmática de nosso lar, o micro e o macrocósmico se conjugam numa dança de êxtase, num erotismo de fios e tramas. Num relato diário, nas redes que balançam nossos corpos, encontramos a referência a João Cabral de Melo Neto e sua rede de morte, da seca, do sofrimento, que carrega tantos Severinos. Mas essas redes também nos prendem, criam ciladas, pois nem tudo são rosas perfumadas, como indica ironicamente o título do livro,Mar de rosas, que brinca com nossa ótica, através da ambiguidade que perpassa esta metáfora sutil e cruel, como o mar, e delicada como as rosas, se bem que vermelhas, a destilar o amor e o sangue, a vida e a morte, nossa vida e morte Severina. [ por Alexandra Vieira de Almeida]