A obra presente vislumbra as origens da corrupção no "eu" que busca poder ou fortuna, insensível ao clamor do outro que sofre, e iludido na crença de que a felicidade reside em ter, e não em ser, quando o eu não se abre para acolher o outro com generosidade, respondendo com bonomia ao seu padecimento, mas vendo o outro apenas como oportunidade de ganho ou lucro. O prolongamento desse agir, inerente ao individualismo, vai marcar muitas instituições, como o capitalismo, de modo que os prósperos convivem com naturalidade com a miséria dos famintos, com a devastação da natureza, da vida e do planeta, com as guerras e genocídios, tudo movido pelo intento de apropriação de alguns, cuja fortuna é racionalizada alardeando-se seus méritos ou talento para gozar de privilégios. Todavia, a evolução da espécie humana e a salvação da vida e do planeta carecem de uma refundação ética em que o "eu" sinta primacialmente o "outro".