No segundo livro, Nelson Cruz registra em ficção uma de nossas mais polêmicas passagens históricas: a figura de Chica da Silva e seu casamento com o ouvidor João Fernandes de Oliveira. Apaixonado, João fez da ex-escrava uma rainha, e em poesia construiu para ela um castelo e um mar. Mas a força da política fez com que o ouvidor se tornasse um dos principais expoentes do Movimento da Inconfidência, separando-se da esposa por um longo exílio, em que foi acompanhado pelos filhos do casal. Como se adentrasse na mente e no coração de Chica, o leitor desloca-se por pensamentos e devaneios durante o período em que esteve distante da família. As ilustrações . baseadas nas pinturas de Piero della Francesca - resgatam o ambiente do Brasil colônia, seguindo fielmente a topografia da região e a arquitetura de Diamantina do século XVIII, com suas igrejas construções coloniais. Chica da Silva tornou-se uma figura polêmica: rica, senhora de escravos, freqüentadora de irmandades. Apesar de sua importância histórica, Nelson Cruz preferiu adentrar um terreno pouco explorado e retratar a personagem como uma mulher comum, apaixonada que revive suas memórias.