Os artigos que compõem esta obra deixam transparecer uma sincera urgência em contribuir para a melhora da situação educacional no país - urgência que não se dirige restritivamente aos acadêmicos e políticos de quem se costuma cobrar quando o assunto é a educação, mas que nos atinge a todos, através da linguagem simples e direta na qual as ideias são apresentadas. Da mesma forma, a divisão do livro em capítulos curtos e as constantes referências ao leitor transformam o texto numa conversa, em que nos vemos animados a enxergar o processo educacional com outro olhar, mais amplo e ao mesmo tempo incrivelmente rico em detalhes humanos. (...) Quando se perde de vista o aluno, principal objeto da educação, a tendência é cair em teorias abstratas e esquemas relativistas: não há bem nem mal, conceitos morais oprimem os alunos, o que está certo para mim pode estar errado para você, tudo depende do contexto, etc. São formulações bastante atraentes e parecem consistentes, mas... não resistem ao choque de realidade que representa entrar numa sala de aula. Qualquer professor ou responsável pela educação que ame o que faz - é a estes, não a outros, que o autor se dirige - sabe que sua tarefa estará incompleta, e será sinônimo de falsidade, caso se limite a ensinar fórmulas e raciocínios. E, quando se olha detidamente para a criança ou jovem enquanto indivíduo, é claramente perceptível que, para este, existem coisas boas, que o ajudarão em sua vida, e obstáculos em seu comportamento, que ele deverá evitar. Caso não estejamos convencidos, podemos mergulhar, desde já, na leitura dos artigos. Acredito que não nos decepcionaremos com o modo prático e direto com o qual João Malheiro nos recorda algumas verdades básicas sobre a educação. Afinal, para educar, a única coisa essencial é a pessoa do educando. É desta que devem partir os parâmetros e comportamentos de um bom pai ou professor.