Este livro nasce de uma inquietação com a hegemonia da descrição da sociedade contemporânea como sociedade da comunicação. O trabalho propõe-se a colocar sob suspeita a evidência do 'eu' e um dos mais fortes efeitos disso na modernidade, as práticas eulógicas de celebração da identidade, aqui emblematicamente tratadas como compulsão à comunicação. Defende-se a tese de que a apologia da comunicação auto-referencial vem produzindo, concomitantemente, uma exacerbação do individualismo e um empobrecimento da experiência mundana. O trabalho argumentativo que busca sustentar a tese dá-se num recorte do grande campo das ciências humanas - a educação. Toma-se com especial atenção o crescente interesse e prestígio das práticas narrativas no âmbito da pesquisa e da formação. Como perspectiva teórica configura-se na aliança com a crítica nietzscheana da modernidade e com os principais desdobramentos disso no pensamento político de Michel Foucault.