Elisa é uma diarista que cruza a ponte para trabalhar em Porto Alegre. Sua vida foi e é árdua, submetida ao drama das enchentes, das dificuldades financeiras, que de algum modo ela dribla, com humor e perseverança, na sua relação de trabalho e de vida com as patroas da cidade. Ora jocosas, ora dramáticas, essas relações compõem o núcleo presencial do livro, que também se ocupa, nos outros dois núcleos, de uma recuperação do passado da protagonista e das condições dos moradores (como ela) das ilhas do Guaíba, promovendo um importante painel demográfico da região, sem incorrer em reduções ou generalizações. E todas essas frentes se desdobram para os leitores por meio da voz da própria Elisa, uma voz construída por Ana Cardoso a partir dos depoimentos da Elisa real, convertida aqui em personagem e narradora, recurso que nos permite conhecer mais intimamente sua trajetória, entrelaçando assim experiência real e análise social, como se fossem duas vozes soando conjuntamente, [...]