Nas últimas décadas, o debate sobre a questão racial no Brasil transitou do elogio à miscigenação e da ideia do país como exemplo de harmonia racial a uma intensa disputa, em que reconhecemos o racismo como elemento constitutivo da nação brasileira. De povo “pacífico e homogêneo”, nos percebemos hoje como uma sociedade plural, em que diferentes grupos lutam para serem reconhecidos como agentes da própria história e merecedores de direitos e igualdade.

A trajetória do brasileiro-congolês Kabengele Munanga confunde-se com esse processo. Sua contribuição como acadêmico e ativista é indissociável da construção das políticas de ações afirmativas no ensino superior e da emergência de uma intelectualidade negra que ajudou a formar no Brasil.