Thomaz Farkas, Pacaembu, como se pode deduzir do próprio título deste livro, registra a relação afetiva, memorial, mas sobretudo de fotógrafo atento, com esse antigo estádio da cidade. Farkas comparece com um curto texto de memória, mas, em se tratando desse fotógrafo, a verdadeira fala só podem mesmo ser as fotos, coerente com o que já declarou no álbum Thomaz Farkas, fotógrafo, também desta editora: fotógrafo não deve falar sobre fotografia; deve fotografar ... e pronto. Então, o texto que comenta o significado deste álbum de memória e afeto pelo estádio e pela cidade é de Juca Kfouri, mestre no universo do futebol. Kfouri lembra as muitas peripécias havidas no Pacaembu nesses quase 70 anos. E salienta a excepcional importância do fotógrafo: (Farkas) retrata a construção do Pacaembu, os arredores do estádio e a presença do público; revela uma São Paulo e um Brasil tocantes, que se perderam no tempo e no espaço materializados apenas nas suas fotos. Este é o interesse e o pulsar do livro, documento emocionado que Farkas nos lega na condição de fotógrafo que elegeu a memória como seu instrumento especial. Faz- nos ver hoje um estádio até certo ponto lírico, destacando-se dentro de uma moldura que, sendo do passado, já leva a adivinhar, pelo avanço urbanístico e arquitetônico que representou, o dinamismo que iria tomar São Paulo nas próximas décadas. Se o texto de Kfouri dá conta de certos momentos do futebol, que são únicos, históricos, as fotos de Farkas revelam-se, em contraponto, com testemunhos de um passado que merece ser lembrado, sobretudo se o ilumina o fotógrafo que assina o conteúdo deste livro.