O Holocausto, o assassinato em massa dos judeus europeus, não se deu numa planície ou em floresta distante do espaço civilizado. O espanto do mundo até hoje não conseguiu resolver a contento como uma ação cruel e inclemente foi executada no que até então era considerado o coração da Europa culta. Não foram somente os brutamontes orientados por suboficiais e sargentos dos integrantes da SS que levaram adiante a operação de extermínio. Nela foram envolvidos engenheiros, cientistas, médicos e outras categorias profissionais, como os ferroviários responsáveis pelas transferências e deslocamentos das vítimas para os campos de extermínio. Um historiador estimou que o total de homens e mulheres (alemães e outras etnias antisssemitas que com eles colaboravam) atingiu a meio milhão de pessoas envolvidas diretamente ou indiretamente no genocídio dos judeus europeus. Certamente o Holocausto causou um profundo abalo nas sociedades que se consideravam superiores e que se achavam bem acima do universo de primitivismo e barbárie que as cercavam. Talvez, pela sua dimensão, essa matança que seifou a vida de seis milhões ou mais de judeus, talvez tenha sido o derradeiro ato de selvageria e loucura que ainda se abrigava por detrás da civilização.