As obras de Auguste Comte, Jeremy Bentham e John Stuart Mill possuem uma grande diversidade de intenções, objetivos e sentidos, e diversidade que o autor aborda neste livro. Mas os três autores podem ser situados a partir de um denominador comum que é a fé na ciência por eles depositada, a fé na capacidade transformadora do conhecimento científico e consubstanciada nos objetivos acima arrolados. Eles foram, afinal, legítimos representantes de uma crença na ciência a partir da qual esta é associada ao crescimento industrial, e a partir da qual ela ganha, aos olhos de Comte, Bentham e Mill (mas também aos olhos de Marx, por outro lado), capacidade de transformação precisamente a partir desta associação. Eles podem, portanto, ser definidos como ideólogos do industrialismo, sabendo perceber suas consequências e sua dimensão, inclusive em termos anômicos. O objetivo do livro é estudar as obras destes autores pensando-as em sua especificidade, e um capítulo específico será dedicado a cada um deles. Mas o objetivo é, também, compreendê-los como representantes de um contexto mais abrangente, amplamente delineado no século XIX e amplamente contestado no século XX, no qual a ciência surgia, basicamente, como motivo de otimismo: ciência e otimismo. Comte, Bentham e Stuart Mill, cada um a seu modo, estabelecem esta conexão.