Ler Michel Maffesoli é como mergulhar nas águas sempre libertárias da juventude. O autor de A Transfiguração do político é de fato um anarquista, um homem que sonha com a definição de anarquismo dada por Reclusa Uma ordem sem Estado. Pode ser uma utopia, mas que bela utopia! A Violência totalitária, agora reeditada pela Sulina, é um clássico contemporâneo da análise e da desconstrução das diversas formas de poder elaboradas para domesticara humanidade. Defensor da potência contra o poder, Maffesoli resume o livro com precisão: A violência do Estado contra a força vital da socialidade. Trata-se de uma obra fundamental para compreender a astúcia do poder nas sociedades orientadas pelo marxismo, e as artimanhas da dominação no mundo liberal. Ninguém escapa da genealogia incisiva traçada num livro destinado a defender única e exclusivamente a liberdade. Há nas ciências humanas, em geral, uma apologia do passado. O mesmo vale em literatura. Somente os pensadores e escritores de antes, de um tempo mítico, atingiriam um patamar superior de compreensão e de expressão da vida. Isso se explica por um efeito de erudição, de nostalgia e de distorção. Michel Maffesoli prova que se pode pensar, aqui e agora, com pertinência e brilhantismo. Em tempos de horror ao neoliberalismo, eis um livro capaz de revelar todos os mecanismos do totalitarismo suave, as democracias representativas da atualidade. Em tempo de crise do ideal comunista, eis um pensador que se atreve a falar de um ideal comunitário. Quando todos denunciam o individualismo, Michel Maffesoli descreve o nascimento e a efervescência de uma vida, sob múltiplos aspectos, tribal. Mas não se pode perceber o novo com lentes velhas. Contra todos os dogmas e instrumentos de poder, eis um texto que privilegia a potência e a socialidade.