Se a discórdia sobre a existência ou não de Deus continua muito acesa e parece ter sido intensificada contemporaneamente, o mesmo não ocorre quando se avalia o papel diferenciado que a religião vem assumindo nas sociedades secularizadas, aliás, o próprio termo "secularização" é a palavra - chave da relativa convergência entre ateus e crentes. Tanto um grupo como o outro são unânimes em afirmar que a religião mudou drasticamente seu campo real de atuação. Na modernidade, o mundo subjetivo dos indivíduos passa a ser sua principal morada, enquanto o espaço público sofre lentamente um processo de "dessacralização", não uma dessacralização que evoca formalmente um repúdio pelas crenças, mas aquela que evoca uma almejada "neutralidade objetiva" em prol de uma maior liberdade subjetiva individual. A presente obra visa examinar, tendo como base o anúncio nietzschiano sobre a "morte de Deus", quais as reais consequências filosóficas oriundas das transformações sofridas pelo moderno campo do sagrado.