Todos nós, desde sempre, temos andado atarefados com um enigma que de todos os lados nos cerca: o Homem é um enigma, a História da Humanidade é um enigma, a nossa própria existência é um enigma. E, ao mesmo tempo, que nos apercebemos de que somos absolutamente incapazes de penetrar e de romper esta escuridão obsessiva, a nossa pessoa é inteiramente dominada pela necessidade e, por conseguinte, pela ansiedade, de que tudo tenha um sentido, uma finalidade, um destino cognoscível. A resposta de Deus - para atender o nosso desejo de ultrapassar o enigma - não foi em primeiro lugar e principalmente uma "explicação": concretizou-se num "acontecimento", um acontecimento que devemos acolher, assimilar, deixar que nos domine. A intervenção salvífica omniabrangente é Cristo. Ele é que nos faz passar da escuridão do enigma para a riqueza iluminante do mistério, do despropósito para a sabedoria da fé, das sombras incertas das hipóteses culturais para a realidade substancial do acontecimento. Por isso estas páginas são, sobretudo, uma contemplação cristocêntrica.