O lugar do corpo no território do conhecimento é consequência dos lugares que ele convoca para se perceber. Ao admitir que todos os territórios do conhecimento o atravessem, o corpo fica apetrechado para atravessar todos os territórios. Desta forma, a carta fractal que nos permite abordá-lo é, simultaneamente, divergente e convergente. Essa carta não fica confinada à representação das suas exterioridades: O interior do corpo contemporâneo é um conjunto de transparências "transescálicas". Por isso, esse corpo, corpo complexo, simultaneamente objecto e agente de conhecimento, só é abordável (na perspectiva de uma leitura que não simplifique a sua complexidade) através de uma processualidade caológica. Só essa processualidade permite ultrapassar o protocorpo, em que a abordagem determinista desemboca, e chegar ao metacorpo (não na perspectiva de um metadiscurso, mas de uma metarrealidade), para daqui, já com esse suplemento de entendimento que a visão distante proporciona, regressar ao corpocorpo - o corpo do corpo." PAULO CUNHA E SILVA é médico, mestre em Medicina Desportiva e doutor em Ciências do Desporto. Professor da Universidade do Porto. É actualmente o responsável pelas áreas do Pensamento, Ciência, Literatura e Projectos Transversais no âmbito do "Porto 2001 Capital Europeia da Cultura